O homem primitivo, vivendo em um mundo cheio de mistérios, imaginou seres invisíveis, poderosos, como os autores dos fenômenos da natureza. A esses seres imaginários chamou deuses. Não entendendo a si próprio, aventou a idéia de que ele próprio era constituído de duas partes, uma material e outra imaterial. Assim, o homem tornou-se religioso e permanece até hoje. Enumerei aqui dez dos principais fatores que levaram o homem a criar esse universo imaginário: O ECO, O TROVÃO, 0 RAIO, O VULCÃO, ENCHENTES DO NILO, A LOUCURA, MALDIÇÃO DAS MÚMIAS, O ARCO-ÍRIS, O SONHO, LEMBRANÇAS DA MORTE.
O ECO
Naqueles tempos misteriosos, alguém gritava em determinados lugares e ouvia o eco do próprio grito. Não sabendo que era uma reflexão da onda sonora que ele mesmo produzia, imaginava ser a voz de um dos deuses que existiam em seu pensamento.
O TROVÃO
Quando começava um temporal e as descargas elétricas da atmosfera produziam o trovão, para o homem primitivo eram os deuses que estavam furiosos com os homens. Até os monoteístas hebreus pensaram assim: “quão pequeno é o sussurro que dele, ouvimos! Mas o trovão do seu poder, quem o poderá entender?” (Jó, 26:14).
0 RAIO
Junto do trovão, o homem primevo via um raio partir uma árvore, alguma vez matar uma pessoa. Isso era para ele a ação divina contra o homem. E essa idéia prevaleceu até quase os nossos dias: “No século 18, a invenção do pára-raios, por Benjamin Franklin, foi condenada pela Igreja como invenção do diabo. Sendo o raio expressão da cólera do Senhor, só podia ser tentação do demo impedir que o castigo divino caísse sobre o mundo. Na França, a "excomunhão" foi levada a sério: em Saint-Omer, Vissery de Bois foi processado por heresia, por instalar um pára-raios em sua casa”. (AlmanaqueZAZ).
O VULCÃO
Os vulcões também eram manifestação da fúria dos deuses. Até na Idade Média, cria-se que os vulcões fossem fogo que os demônios lançavam do inferno, que acreditavam estar no centro da Terra.
ENCHENTES DO NILO
Os egípcios, não tendo conhecimento de que caíam grandes chuvas na cabeceira do Nilo, acreditavam que suas cheias se devessem às lágrimas de Ísis (a Lua), a deusa que chorava por Osíris (o Sol).
O SONHO
O fenômeno mental do sonho levou o homem pré-histórico a supor uma existência humana independente do próprio corpo. E, não obstante toda a evolução em conhecimento psíquico, após tantos milênios essa entidade imaginária ainda permanece viva na maioria dos cérebros, sendo chamada de alma ou espírito. Ao sentir-se em lugares distantes, realizando os mais diversos feitos enquanto permaneciam inertes durante o sono, esses humanos primevos, sem compreenderem o fenômeno onírico, acreditavam estarem realmente naqueles lugares. E como eram vistos dormindo em suas cavernas por seus familiares, a única explicação que encontraram foi a existência de um lado imaterial de cada pessoa. E esse pensamento ainda se encontra arraigado na mente humana até hoje.
A LOUCURA
Os distúrbios mentais sempre foram considerados atuação dos deuses malignos nos humanos. Para os monoteístas, eram possessão de demônios, anjos caídos. Na Bíblia, os evangelhos apresentam essa idéia. Os evangelista dizem que Jesus teria curado endemoninhados. Há registros de que na Idade Média, os loucos eram lançados em fogueiras para se libertarem dos demônios. E, até hoje, ainda há muitos que crêem assim.
MALDIÇÃO DAS MÚMIAS
No Egito era costume mumificar as pessoas importantes, e elas eram postas nos túmulos com objetos de valor. Algumas pessoas que tentavam furtar tais coisas morriam intoxicadas por um perigoso fungo que se forma no túmulo. Não tendo conhecimento da vida microscópica, os egípcios imaginavam ser maldição das múmias.
O ARCO-ÍRIS
Ninguém consegue se aproximar do arco-íris. Em um lugar montanhoso e mais próximo do por do sol, você pode ver o arco-íris chegando ao pé da montanha. Mas se você for àquele local, você verá o arco em outro lugar mais adiante. Isso era um mistério que só podia ser atribuído aos deuses. Para o escrito bíblico, ele é o sinal de um pacto divino: “E disse Deus: Este é o sinal do pacto que firmo entre mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações perpétuas: O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por sinal de haver um pacto entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens, então me lembrarei do meu pacto, que está entre mim e vós e todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne. O arco estará nas nuvens, e olharei para ele a fim de me lembrar do pacto perpétuo entre Deus e todo ser vivente de toda a carne que está sobre a terra. Disse Deus a Noé ainda: Esse é o sinal do pacto que tenho estabelecido entre mim e toda a carne que está sobre a terra.” (Gênesis, 9: 17).
LEMBRANÇAS DA MORTE
“A psicóloga Susan Blackmore explica que "em situações extremas, milhares de células do cérebro disparam uma seqüência aleatória de impulsos elétricos e luminosos. Como no córtex visual há uma concentração maior de células, daí pode vir o efeito de túnel que as pessoas descrevem. É uma luz muito, muito brilhante, que não fere os olhos; pois não é vista com os olhos; é um fenômeno interno. Os sentimentos de paz e alegria, ausência de dor, são, provavelmente, devido a endorfinas, semelhantes a morfina, que o cérebro produz. Todos os tipos de stress e as quedas de oxigênio e pressão podem provocar uma enchente de endorfinas; e elas produzem uma sensação maravilhosa". Charles McCreery, do Instituto de Pesquisas Psicofísicas em Oxford, conseguiu provocar, em laboratório, experiências fora do corpo. Com técnicas de relaxamento, ele obteve resultados impressionantes. Uma moça, perfeitamente saudável, contou ter viajado num túnel, com uma luz brilhante no fim; e um senhor disse ter flutuado a vinte mil metros de altitude, vendo Oxford lá de cima. "É mais comum do que se imagina", afirma o Dr. MacCreery, "uma em cada cinco pessoas já teve uma experiência fora do corpo". Ele chegou à conclusão de que há um tipo de personalidade predisposto ao fenômeno: Uma espécie de esquisofrenia branda.” (Globo Repórter, 13 de agosto de 1993).
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